Ministra aponta retrocessos na agenda climática – Foto: Rogério Cassimiro/MMA

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez duras críticas à recente decisão do Senado Federal de aprovar novos incentivos às termelétricas a carvão. Durante agenda em Belém (PA), ela afirmou que a medida representa um retrocesso no momento em que o mundo intensifica esforços para enfrentar a crise climática. Segundo Marina, ao estimular uma fonte altamente poluente, o Senado “vai na contramão” das metas globais, especialmente às vésperas da COP30, que será realizada no Brasil.

Ao comentar as divergências internas do governo sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, a ministra ressaltou que a transição energética é um processo complexo, marcado por desafios e contradições. Ela destacou que nenhum país consegue realizar essa mudança de forma linear e citou exemplos internacionais, como a França, que investe pesadamente em energia nuclear, mas ainda mantém grande parte de sua matriz baseada em combustíveis fósseis. Marina defendeu que o lucro gerado pelo petróleo deve ser direcionado para acelerar investimentos em hidrogênio verde, energia solar e eólica.

A ministra também celebrou os avanços ambientais alcançados pelo Brasil, incluindo a redução do desmatamento pelo terceiro ano consecutivo e a queda significativa nos incêndios florestais. Para ela, esses resultados reforçam a credibilidade do país na COP30 e refletem políticas públicas de fiscalização, contratação de equipes e fortalecimento dos órgãos ambientais. Marina destacou ainda o papel do presidente Lula na condução da agenda climática, afirmando que o chefe do Executivo tem adotado uma postura firme contra a dependência dos combustíveis fósseis.

Outro ponto enfatizado por Marina foi o avanço do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que já ultrapassa US$ 6 bilhões e começa a operar como mecanismo de valorização de áreas protegidas e serviços ecossistêmicos. A ministra afirmou que 20% dos recursos serão destinados a povos indígenas e comunidades tradicionais, marcando uma mudança estrutural na forma de financiar a proteção ambiental. Para ela, o grande desafio agora é construir um consenso entre os 198 países na COP30 para definir um plano global que conduza ao fim do desmatamento e do uso de combustíveis fósseis, reforçando que o Brasil continuará buscando uma liderança baseada em justiça climática e responsabilidade internacional.