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Francisco Piyãko: Temos 500 anos de resistência no Brasil. Queremos apenas paz

Estamos no século 21, porém, o que o governo brasileiro hoje está questionando e botando em pauta é do século passado.

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Estamos no século 21, porém, o que o governo brasileiro hoje está questionando e botando em pauta é do século passado.

É como se estivesse anulando tudo o que se avançou, tudo que se conquistou até aqui e a partir de agora fosse recomeçar tudo. Não cabe este pensamento.

Essa ameaça não é só ao povos indígenas, é um ataque à Amazônia, às florestas e aos conhecimentos. É um ataque à história do Brasil.  É uma tentativa de desconstruir um povo que conseguiu se libertar. Com isso, querendo retomar um sistema de mão de obra barata, de domínio cultural, de extermínio, de desrespeito e destruindo os avanços.

Dados do Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, lançado no fim de 2018, com dados de 2017, mostra o aumento da violência contra nós, de forma sistêmica e contínua. 

Este trabalho, realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), aponta a gravidade dos ataques a nós. Foram 128 casos de suicídio, 110 de assassinato e 702 casos de mortalidade infantil. Números que apontam a ausência de um Estado, que por força da Constituição, deveria agir com rigor.

Acredito, muito, que a sociedade hoje está com mais capacidade de enfrentar e resistir de uma maneira organizada, coletiva e agir pelo país.

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A história moderna deste país viveu um primeiro momento no qual os povos indígenas se mobilizaram e se unificaram, em um movimento, para lutar por direitos. Para serem reconhecidos enquanto povos, ter direito à terra, direito à proteção pelo estado, à saúde, educação, direito a ser livre e não tutelado. Estamos garantidos e protegidos por leis, que foram duramente conquistadas para a Constituição de 1988.

A partir disso, fomos trabalhar para estruturar políticas que atendessem os povos indígenas e avançamos bastante, apesar de muita coisa ainda não ser cumprida pelo estado. Temos um povo que se sente livre para expressar sua cultura, continuar lutando e decidir aquilo que quer para sua vida.

Nós fizemos também alguns movimentos locais, a partir das conquistas nacionais. Foram políticas públicas que atenderam e respeitaram nossos direitos, como a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental. Fizemos os planos de gestão territorial nas aldeias, buscamos estratégias de fortalecer nossa cultura e tradição.

No Acre, fomos uma referência para o Brasil. Aqui, os povos indígenas passaram a ter um lugar de respeito no Estado, enquanto governo, e perante o restante da sociedade, a partir dos encontros de cultura e festivais, que apresentaram um povo que vivia escondido nas sombras e ninguém conhecia. Nós, povos indígenas, temos muita honra de sermos acreanos.

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Conseguimos uma identidade própria e, apesar das ameaças de agora, não corremos risco de desaparecer. A mobilização própria de cada povo, respeitada e fortalecida, é uma armadura contra os ataques constantes. Hoje sabemos o que fazer para garantir nossos direitos.

Precisamos agora entender que este tempo, em que os índios se escondiam e corriam com medo, de um canto para o outro, ou teriam que deixar de ser índio para ser gente, que teriam que estar batizados e pertencerem a uma religião, ou a um patrão, passou. Estamos livres e vamos manter esta liberdade a partir do que já construímos até aqui.

Estamos em um contexto muito diferente, conseguimos nos colocar de uma maneira que ninguém tira mais nossa identidade. Agora, pensamos uma relação a partir da diversidade dos povos, da diferença de culturas e da união.

Temos 500 anos de resistência, isto que passa pelo Brasil é um alerta para seguir as conquistas. Vamos para a luta pelo tempo que for necessário. Nosso grande sonho é viver em nossas aldeias, com paz.

Francisco Piyãko é uma das lideranças do povo Ashaninka, no Acre, ex-Secretário dos Povos Indígenas do Acre e ex-assessor da presidência da Funai.

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Centro de Convivência do Idoso em Cruzeiro do Sul reinicia atividades para as pessoas da terceira idade

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(Assessoria) – O Centro de Convivência do Idoso reiniciou nesta sexta, 5, com um baile de boas-vindas, as suas atividades para as pessoas da terceira idade que frequentam o espaço. A partir de segunda-feira,8, pela manhã e tarde haverá trabalhos corporais, hidroginástica, artesanato,terapia ocupacional,passeios, palestras. As rodas de conversa, grupos de convivência no Espaço Café com Prosa,com jogos de baralho, dominó, dama e xadrez, também são retomados.

O Centro de Convivência do Idoso funciona de segunda a quinta-feira, nos horários das 7:30 às 11:30h e das 14:00 às 17:00h, oferecendo café da manhã e lanche da tarde. Às sextas-feiras, o centro opera em tempo integral, servindo café da manhã, almoço e lanche da tarde.

A coordenadora Grazi Ramos enfatizou as parcerias importantes estabelecidas com o centro: “Essas atividades são desenvolvidas em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social -CRAS , o Centro de Referência Especializado de Assistência Social -CREAS, o Grupo de Apoio ao Serviço Humanitário ,GASH que é o grupo coordenado pela primeira dama Lurdinha Lima. E a gente fez também duas parcerias importantes esse ano com duas universidades, que é o Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC, que oferece o curso de medicina em Cruzeiro do Sul, que vão desenvolver uns projetos aqui conosco, e também a Clarentiano, com o grupo da turma de fisioterapia” , elencou.

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Margarida Neves da Silva, 83 anos, falou sobre a importância do centro para sua vida ” Isso aqui representa tudo pra minha vida. É a nossa amizade, é o nosso bate-papo, é a nossa vivência de sexta-feira, o dia todinho, né? E aqui a gente encontra essas pessoas maravilhosas, porque é uma joia, é uma joia rara que a gente encontrou aqui, no nosso lar. Aqui representa o nosso lar”.

Maria do Carmo da Silva, 79 anos, frequenta o Centro do Idoso já há 20 anos. “Entrei com 58 anos, 20 anos que eu frequento aqui. Aqui é importante pra mim que eu antes vivia só. Quando eu venho pra cá, pra mim é tudo. Me encontro com os conhecidos, com os amigos”.

Segundo a primeira-dama Lurdinha Lima, o objetivo é oferecer um ambiente onde os idosos se sintam valorizados e apoiados:

“Quando eles chegam nessa casa são bem acolhidos, com muita alegria, com muita saúde, que muitos chegam aqui doentes e saem daqui curados dos seus problemas. Porque aqui é uma casa que oferta a eles atividade física, jogos, artesanato, cultura. Aqui eles vivem um pouco de tudo. Enquanto em casa muitos vivem numa solidão, aqui eles encontram amigos, fazem novas amizades, se divertem, sorriem. Então é um prazer para a gestão municipal poder proporcionar isso através do Centro do Idoso, juntamente com a assistência social que faz um trabalho maravilhoso junto com a coordenação do Centro “, enfatizou a primeira dama.

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