Estudo sobre poluição realizado pelo Inpe é apresentado durante SBPC. Pesquisa derrubou tese de que fumaça de Rio Branco viria da Bolívia.
Rayssa NataniDo G1 Acre

Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentado nesta quinta-feira (24) durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), mostra que o Acre é o principal poluente na região transfronteiriça. Os dados, colhidos de 2005 a 2010, derrubaram a tese de que a origem da fumaça que encobre o Acre, no auge das queimadas, viria principalmente de cidades da Bolívia.
“Nossos estudos apontam que grande parte da poluição do Acre é gerada no próprio estado, não é trazida pelos ventos de outros locais. A pesquisa foi limitada às emissões causadas por queimadas, que são as mais relevantes”, afirma o pesquisador titular do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Inpe, Saulo Freitas. Na ocasião, foi debatido o Impacto Trinacional da queima de Biomassa e da Fumaça na Amazônia Sul Ocidental.
A pesquisa, encomendada pelo Ministério Público do Acre (MP-AC), verificou as contribuições das emissões da Bolivia, Peru, Rondônia, Mato Grosso, Amazônia, Pará e Acre na fumaça verificada no quadrilátero de Rio Branco. Em 2005, a maior contribuição foi do Acre e decorreu das queimadas no próprio estado. Naquele ano, 28.784 focos de incêndio foram registrados.
Em 2008, o Acre permanece em primeiro na lista das fontes emissoras de fumaça, seguido da Bolívia. Somente em 2009, quando a Justiça concedeu liminar para ação movida contra o governo estadual pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual, que exigia suspensão parcial das autorizações de queimadas, o Acre deixou de liderar o ranking, dando lugar ao Amazonas. O resultado se repetiu no ano seguinte.
Em 2012, houve uma redução de 65% nos focos de calor em todo estado. “A poluição tem decaído ao longo dos anos. Quando você olha os mapas do desmatamento, vê que há um declínio, e isso está associado também à diminuição das emissões de fumaça”, afirma Saulo, que atua principalmente nos temas relacionados à poluição do ar e química atmosférica, queimadas e seus impactos em mudanças do tempo, clima e saúde pública.